Congresso mantém veto a projeto que obrigava planos de saúde a cobrir
tratamento domiciliar de uso oral contra o câncer
Sessão do Congresso Nacional
O
Congresso Nacional manteve nesta terça-feira (8) o veto total do presidente
Jair Bolsonaro ao projeto que tornava obrigatória a cobertura, pelos planos privados
de saúde, de tratamentos domiciliares de uso oral contra o câncer.
Embora o
Senado tenha optado por derrubar o veto (52 votos a 14), a Câmara dos Deputados
manteve o veto por insuficiência de votos (234). Para derrubar um veto, deve
haver o apoio da maioria absoluta em ambas
as Casas (257 deputados na Câmara). Em seguida, a Ordem do
Dia foi encerrada.
O Projeto de Lei 6330/19, do Senado, tornava
obrigatória a cobertura, pelos planos privados de saúde, do tratamento
domiciliar de uso oral contra o câncer, inclusive de medicamentos para o
controle de efeitos adversos.
De acordo
com o texto, os medicamentos deveriam ser fornecidos em até 48 horas após a
prescrição médica e estarem registrados na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
Os
partidos que orientaram a favor do veto argumentaram que havia um acordo para
aprovação da Medida Provisória 1067/21 em troca da
manutenção do veto. A MP foi aprovada pela Câmara em 14 de dezembro do ano
passado e aguarda deliberação no Senado, mas sua vigência acaba nesta
quinta-feira (10).
A MP prevê
um prazo de até 180 dias para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
concluir a análise de processos de pedido de inclusão dos medicamentos no
fornecimento obrigatório.
O líder do
governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ressaltou que houve um
acordo para manutenção do veto. "A supressão da análise pela Anvisa e pela
Agência Nacional de Saúde Suplementar poderia ampliar o acesso a medicamentos
sem evidência que comprovem benefícios significativos. O prazo de 48 horas, na
matéria vetada, seria impraticável, sobretudo em um país continental como o
Brasil", argumentou.
Ricardo
Barros ainda destacou que a medida provisória não se limita a uma doença
específica. "A MP não é só para tratamento de câncer, e avança no prazo
para planos de saúde incorporarem medicamentos, que deve passar de três anos
para até 180 dias", comparou.
Contra o
veto
Apesar de reconhecer os avanços da MP, o presidente da Comissão de Combate ao
Câncer, deputado Weliton Prado (Pros-MG), defendeu a derrubada
do veto. "Quem tem câncer tem pressa. A demora de quatro semanas para
iniciar o tratamento aumenta o risco de morte em 13%", comentou.
Segundo
Weliton Prado, a quimioterapia oral é mais eficaz e recomendada, por causa do
baixo custo e por não ter despesa com deslocamento. "Garante a dignidade
para o paciente com câncer. O tratamento do meu pai foi um sofrimento danado,
porque não achavam a veia para a quimioterapia intravenosa", relatou.
O líder do
PT, deputado Reginaldo Lopes (MG), também declarou voto
contra o veto. "É fundamental que planos de saúde atendam a população.
Todo mundo sabe da gravidade da luta contra o câncer", defendeu.
Reportagem
– Eduardo Piovesan e Francisco Brandão
Edição – Pierre Triboli
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